domingo, 29 de maio de 2011

Deus mora no céu de outono


Ps. Por alguma razão acho que o que eu escrevi combina com essa música


Essas manhãs de outono são de uma coragem desafiadora
É quando o pulsar fica mais forte
e os abraços parecem ser maiores de medida
Quando nos sentimos mais capazes
Deus deve morar no Céu de outono
shuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu

Abro os olhos e sinto aquele friozinho característico
Já sei, meus pés estão descobertos
Ouço os passarinhos maritaqueando no pé de jabuticaba
dão toquinhos no meu vitrô,tudo bem; eu vou levantar

penso nas arvores dançando, preciso olhar

É domingo, 8h
abro a janela, digo bom dia ao Dia
respiro os beijinhos dos pardais cantarolando meiguices 

O vento conserta meu cabelo desarrumado pelo travesseiro
olho no varal,
a velha colcha de retalhos sorri para mim
com as lembranças de tantas primaveras e invernos

Um ar áspero me desconserta por um momento
e gagueja em meu ouvido:
“talvez não traga aquela folha de volta, podia levar a que ficou”
Shuuuuu shuuuuuu... As folhas arrastadas me dizem: Calllma...

A colcha de retalhos agora voa e vai para o alto,
vejo ela se afastando indócil,
sem pudor, sem saudade,
sem nem mesmo tentar ficar para me aquecer, me envolver,
ou me devolver o que me tirou
Esse vento de outono

Me debruço sobre a janela, me encosto em um sonho que tive
e me recordo de outra calma: “Calma”
Um suspiro de janela, uma namoradeira de outono
Então vejo as folhas amareladas da mangueira
a velha caminhonete do meu pai se rendendo ao zinabre
E eu começo a me render ao cansaço de sentir tanto...
mas as manhãs de outono são tão mais bonitas,
Deus mora em um céu de manhã de outono

É outono, eu amo as manhãs de outono
Quando posso desbravar o céu contemplando os tons de azul
quando o vento empresta a liberdade e me dá coragem
É quando meu abraço parece maior
quando meus sentimentos parecem mais capazes
É, Deus mora no céu de outono

Fui inflada por esse sentimento no mesmo ato
Me pareceu tão certo e comprovado que naquele momento
Seria exatamente do jeito que imaginei
O outono bem costurado
Quatro pés debaixo da colcha de retalhos
e o vento soprando do lado de fora,
fazendo-se de música, enchendo nossos ouvidos de bobices

Mas agora o vento leva e traz os retalhos costurados
no varal a colcha dá um vacilo e se estende no chão
ouço um bem-te-vi canhoto tão longe
Fecho os olhos... É tão bonito o céu de outono
Shuuuuuuuuuuuuu, shuuuuuuuuuuuuu

Me engasgo em pensar: o outono é para os amantes
um clima perfeito para a temperatura dos corpos
Deito sobre a colcha de retalhos e namoro minhas incertezas
Bem vinda ao lar: não me quero de volta, quero voltar
Eu não sei se posso, volto a minha janela, ela é um quadro
Um esquadro perfeito de ampliar vontades
e é outono.

As manhãs de outono são as melhores manhãs
bem como as tardes, por mim eu só teria outono
quando as coisas que não servem mais vão embora
carregadas suavemente pelo vento
É quando meu abraço é maior,
meus sentimentos são mais capazes
e sinto meus sentidos mais possíveis
Tudo pode acontecer em uma janela de outono.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Novos baianos

Coisas interessantes acontecem mesmo o tempo todo?
A disposição deveria ser algo trivial para que ocasiões se tornassem eventos
impressionante como as viagens de fato são caminhos para as melhores sensações
o permitir deveria ser um caso de suma obrigação


Uma família de baianos compartilhando música, compartilhando sonhos,
Construindo cidade e desconstruindo mundos

Coisas assim deviam acontecer sempre

Um butequinho com amigos
o uso da cerveja, e um pouco de nicotina não fazem mal a ninguém quando se ouve Belchior e cantando as semi-convicções de um rapaz


Coisas interessantes acontecem mesmo o tempo todo?
Engraçado como o preconceito pode inibir os melhores momentos
e como ser desejoso da liberdade plena agrega mais situações verdadeiras

Um butequinho
Um pilequinho com os amigos num domingo destrói qualquer banalidade da segunda promissora de horrores.
Definitivamente o bom uso da cerveja, e um pouco de nicotina não fazem mal a ninguém quando se canta Belchior

Uma família de baianos compartilhando sonhos, compartilhando música
Construindo cidade e desconstruindo mundos


Coisas interessantes acontecem mesmo o tempo todo?
Todo o tempo zilhões de pessoas por aí, fazendo outros zilhões de coisas
Olhar para o lado devia ser disciplina de escola,
perceber o mundo não devia ser opcional
Fazer banalidades deveria ser crime
O desassossego devia ser implantado com o um chip na mente das pessoas

Uma família de baianos compartilhando sonhos, compartilhando música Construindo cidade e desconstruindo mundos


Coisas interessantes acontecem mesmo o tempo todo?
As viagens ao desconhecido, a intensidade dos momentos, a leveza da espontaneidade
Tudo isso faz com que aconteçam coisas interessantes o tempo todo
Não é necessário ir muito longe pra fazer turismo
A esquina de casa é um ótimo começo
Dar oportunidade a si mesmo é o melhor transporte
Se despir de medos, amarras e preconceitos a única passagem
E se jogar nesse negócio de botar gente no mundo que se chama vida é a única e melhor viagem
Porque acontecem coisas interessantes o tempo todo,
é preciso apenas ver com os olhos de enxergar
A redundância se faz necessária para um ato de chamamento
Prestar atenção apreciar e vivenciar essa coisa toda que é tão bonita

Três baianos tocando MPB, num domingo, explorando um latino americano...
Amar e mudar... Deveria interessar mais...

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Nas prateleiras

As coisas deviam ser todas de conveniência 24h
Já pensou comprar sacos e sacos de bom senso ?
Contra senso seria pedir meia dúzia de desculpas
Mas encontrar nas prateleiras pacotes de coerência seria incrível
Bom seria encomendar compreensão e bondade
É engraçado!

Que tal vender amor em farmácia?!
Iria comprar comprimidos de beijos de canto de orelha
cartelas de pés que roçam um no outro
cápsulas de cheiros e suspiros
doses de palavras bandidas e beijos roubados
centenas de efervescentes de abraços e amassos
e injeção contra a saudade e fins indesejáveis
Aí pediriam receita e passariam um antipocondríaco
Pílulas de carinho não fazem mal a ninguém
É engraçado

Por que não encontrar gentileza por atacado?!
Já pensou dar de cara com respeito no balcão?!
Bons modos poderiam ser distribuídos a um bom preço em supermercados
Difícil seria pagar imposto sobre as verdades
E pedir nota de lealdade
Encontrar sinceridade pronta para consumo seria o ideal
Quem sabe sorrisos na promoção...

Enquanto nada disso está na vitrine é bom dar uma limpada no espelho...

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Coquetel Molotov

Definitivamente quando o dia é pra ser ruim ele não dá aviso, e acontece cada coisa que se você acha que não pode ficar pior é por mera falta de imaginação. Cópia daquelas comédias: como se não bastasse o cara estar ferrado, vem um carro e joga lama por cima. Pois bem... É o que aconteceu comigo. Coquetel Molotov. Isso parece marca de vodka. Me dá uma dose...

Decidi rir pra tirar proveito e não me entregar a uma possível e eventual tristeza, correndo o risco de me tornar amarga. Ah! Isso eu não faria comigo, não de novo, nem nunca mais, muito menos para sempre. Notícia ruim vem por SMS e email. Mas isso não é um sinal é tecnologia.

O caso é que logo pela manhã [5h45], vou ao meu banho rotineiro de acorda logo porque o dia está prestes a acontecer. Um friozinho tão convidativo aos edredons, lençóis e travesseiros... Enfrentei bravamente a preguiça e segui forte e honrosa para o chuveiro. Abri o registro, a água desceu à vapor, me joguei de cabeça. Quando começava a gostar daquilo, caiu o fusível e simplesmente fiquei no escuro e uma água gelada do mal pingando no cerebro. Pensei: que droga! Foi aí que eu deveria ter voltado para a cama, mas vendo que estava tudo ligado: TV, ferro de passar, liquidificador... Isso não seria um mau presságio.

Superei o desgosto rapidamente, apreciei a vitamina de leite de soja, abacate, banana, maçã e sem açúcar de todo santo dia, preparada carinhosamente pelo pai diabético (aquilo é horrível), mas num dava pra dizer que o dia seria ruim, porque todo dia eu sou obrigada a passar pela bebida semi-láctea se num fosse a soja. Exceto por ter encontrado um objeto não identificado, que preferi pensar que era uma casca de alguma das frutas, essa parte do dia foi tudo bem e esse certamente não seria um sinal.

E então saio pra ir trabalhar e me deparo com um cara de cueca coçando a pança e uma mulher de cabeleira loira, descabelada de toalha bem na esquina indo pro carro em despedida. Cena forte numa manhã de segunda: um sujeito de meia idade, careca, barrigudo, com zorba de vô, dessas que o “dito cujo” sai de lado, é no mínimo traumatizante. É engraçado também, sabendo que na esquina de casa, atravessando a rua fica instalada uma casa de recreação do sexo chamada “Tia Lica”, tudo dispensa comentários e esse não seria o motivo pra superstição, as pessoas transam.

Como se não bastasse, chego ao trabalho, a reunião “inquisidora” espera por mim e aos meus colegas. Toda segunda-feira a mesma coisa, cujo ensinamento é: “com as reuniões eu aprendi que se o Corinthians perde a culpa é minha!”. Sendo uma carnificina, nem pensei que a situação fosse uma amostra do que poderia vir de exclusivo para mim. Não! Não era um aviso.

Acabou a reunião, começo a trabalhar, e de repente, não mais que de repente a internet cai. Pode ser que na ocasião da pedra lascada alguém conseguia trabalhar sem internet, atualmente, no entanto, não consigo descobrir nem que dia é hoje sem o “guru” de todos os dias, horas e circunstâncias. E a internet bandida não voltou... Mas a falta da internet não chega a ser um atentado, é mais um fenômeno natural... Tipo tsunami... Não é um sinal e sim a falta dele.

E ainda não foi o pior, eu estava eu feliz, porque não tinha mais o que acontecer... Quando surge o motorista pra me buscar numa pauta (uma matéria normal, limpa de ar condicionado). O fato é que ele tava na adrenalina, uma ocorrência do nada e eu tive que ir junto... Fui...

A denúncia era a de que encontraram um corpo numa casa. Até aí tudo bem, estava me preparando para escalar um muro para conseguir a foto do suposto defunto, quando pisei num cocô fedido, e mole, e gigante! Custava olhar para o chão? Não! Eu estava empolgada demais com a altura do muro e a nostalgia do colégio.

E nem era morto, mas quase mataram uma velha de susto. Jogaram uma bomba caseira no terreno ao lado da casa da pobre. Mandaram uma nitroglicerina de garrafa cheia de pregos, judiação! Podia ser coquetel molotov, passei perto da dose!

A senhora tremia tanto... Mas a entrevista foi a melhor. Nesse interim eu já sabia que meu all Star branco estava “merdeado” a toa, eu havia subido no muro a toa e a matéria já nem era um fato conclusivo.

Eu só tava fazendo a foto das janelas quebradas, mas ouvi que era culpa da novela da época da ditadura [soube que é transmitida no SBT], que influenciava os jovens a produzirem bombas. Foi demais, e me manter séria e prestativa, foi ainda mais absurdo. Maldito Google com essa cultura terrorista impregnada em suas páginas. E meu pé fedendo. E pra descer do muro, foi estilo Capitão Boing. “Se o céu é o limite”, do chão é que eu não passo.

Eu não vou falar do meu almoço porque aí vai ser humilhante. A falta de tempo e grana me obriga a comer marmita todos os dias, e obvio que deu errado e eu não vou contar isso. Voltei a trabalhar, travando uma batalha com o dia, fazendo graça de tudo, porque é nessas horas é que é válido ser auto divertida. Inteligência emocional para as horas de crise. Molotov.

A internet caiu de novo. De repente “PI” meu celular, li uma mensagem que deu dor de barriga e com aquela marmita nem conto nada. E a internet voltou, antes não tivesse voltado. Li um email desesperado e pensei agora acabou tudo mesmo. Mas já tava tudo bem ferrado então decidi ser corajosa e ver que o dia não ia me matar. Coquetel Molotov para os fortes.

Aquela altura eu já estava me sentindo o Highlander, só faltou a música do Queen. Mas aí eu choraria. Não chego a rainha, mas sou uma lady e não choro nunca. Respirei fundo, bem fundo... Continuei o dia difícil de banho gelado, bebida azeda, homem velho pelado, reunião cretina, internet bugada, merda no sapato, tombo de muro, marmita zuada, o que seria um término por email?

Aí já era de tardezinha, o jornal todo atrasado, vamos pedir uma pizza e encher a barriga de Coca Cola! Qualquer prejuízo é lucro. Vem um esculacho do patrão, porque se não tem internet e o jornal está parado, a culpa é minha! Dei risada... Eu sabia que não devia ter saído de casa. Mas é como eu disse: um dia ruim não dá aviso. Ele só é ruim.

Se fosse em outra ocasião eu teria medo de ir pra casa, mas não, fechei minha página, peguei minha bolsa, fui pro meu reino, tomei banho, escovei os dentes, e pensei que um dia ruim dava uma boa história, porque é inacreditável, totalmente coisa de filme. Então pensei que se eu posso viver uma comédia, porque não um romance? A lógica é perigosa porque há outros segmentos no cinema, mas acho que vou arriscar.


No final, o dia valeu a pena, eu ri de todas as catástrofes... Fiz pessoas rirem também, e vi que com um pouco de fé é só um dia ruim que vai acabar assim que eu dormir. Confesso tive vontade de procurar a receita do Coquetel Molotov, mas vou ter coragem de acordar amanhã de novo e ver o que vai rolar... E eu não vou explodir!

domingo, 15 de maio de 2011

Caí

O mundo da gente cai por tão pouco
tantas coisas estabelecidas não consolidadas
A mente "mente" tanto,
se isso é um clichê ou jargão, não importa
O fato é que nenhum engano é suficientemente marcante para deixar de cometer um erro parecido...
Mas tudo bem, em algumas esferas, a tentativa leva o erro, e errar por excesso de tentativas de acerto não chega a ser um pecado

O mundo da gente cai por tão pouco
Acho que até dava pra não ficar triste
Mas alguns sentimentos são uma questão de necessidade ou escolha... Mas francamente esse caso não foi necessariamente um ou outro, só foi...
Foi uma revelação
Agora... Um bocado de falha passa a ser a companhia indesejada nessa relação
Prognóstico, diagnóstico: sem remédio, sem cura

É por tão pouco que o mundo cai
A busca do incomum é sempre mais interessante gostosa e odiosamente doída
Um desperdício de sentimento, doação e procura
Um fiasco de acontecimento seria mais sensato,
porque agora fica aquela amarra
Não dá pra reduzir erro, nem minimizar descontroles
Mas dá pra esperar fechar os olhos
e saber que se não passar vai dar certo
E se não der certo vai passar

Como o mundo da gente cai, rodopia e deixa tonto


Pela semente




É como o renascimento daquilo dormido
O acordar de um sonho insano,








a revelação do que parecia impossível



O reencontro de si ou um novo si florescendo



Me sinto semente;
me sinto feto;
me sinto viva e mais ainda vida



É possível que me sinta morta em algum momento,
mas não acredito que possa ser morte

Serei levada pelo vento feito folha....