sexta-feira, 24 de junho de 2011

Quem é bagunça?

POR: Jackeline Vasconcelos e Sarah Minini

Bagunça seria um ponto de vista ou uma questão de estilo?

Uma forma de organização abstrata ou uma questão cultural?

Tortura de mãe ou uma convenção de família?


Estranho essa necessidade insana de arrumar a cama. É o princípio do sofrimento.


Essa coisa toda é muito sem resposta.


As pessoas caçoam da forma como mantenho minha mesa.
O que percebo sobre ela é que é um espaço pequeno para muitas coisas. É como uma colcha de retalhos bem costurada e colorida...


Situação complicada. Às vezes percebo que minhas coisas sumiram. Estranho né! Certeza que alguém esconde. Tudo o que eu preciso eu coloco sistematicamente lá. E como não estão lá se eu mesma as coloquei?

Isso é coisa mandada, macumba. Aposto que “eles” não possuem tal domínio de organização estratégica [de coisas a mão] e querem me derrubar.


Suástica pura, a mais completa repressão. Hi Hitler mesmo.
Tem coisas que parecem ter pernas. Por que meu fio dental vai parar debaixo da minha agenda? Como meu CD caiu atrás da mesa? Só podem ser os Gremlins... Moram Gremlins em minha mesa. Quem faria tal coisa senão aquelas criaturinhas?

Por que as pessoas riem quando vêem no meu porta-treco? Escova de dentes, pente, marcador de livros, faca de mesa, canetas amostra e luva de silicone para hidratar as mãos. E daí?


Tudo é util. Tudo a postos para ser usado. Se tivesse um compasso... Mas não tem. É tudo muito certo. Penso que a criatividade brota do conjunto de itens importantíssimos para meu desempenho.

É como se de alguma forma eles cooperassem diretamente com a minha capacidade produtiva...


Todo mundo precisa de álcool 70%... Do lirismo da rosa seca a devoção do terço pocket. Eu preciso de todos os cartões devisita, spray de garganta, remédios para alergia. Tudo possui uma função exata. Estranho que as pessoas sobrevivam sem estas coisas.


É verdade que às vezes algumas coisas podem parecem fora de lugar, mas não sou eu, juro! É a menina que as vezes usa minha mesa. Aquela de All Star que fica cantando: “Hey mãe eu tenho uma guitarra elétrica”. Nossa eu adoro All Star, comprei um vermelho outro dia. Me senti até mais fã do Humberto Gessinger.


É tão relativa essa coisa de bagunça. Às vezes a santa Cleusa limpa tudo, inclusive a minha mesa. Mas demora um mês até que eu consiga voltar todas as coisas no lugar de volta. Ela guarda tudo em lugares sem sentido, como gavetas, armários.


Vou botar aquela menina para dar jeito em tudo. Dupla personalidade que nada. Para nada servem os analistas.

Cazuza: “eu vou pagar a conta do analista, pra nunca mais ter que saber quem eu sou, quem eu sou...”.




Ps. Esse texto surgiu de inúmeras discussões infundadas, caluniosas de maltidices de colegas de trabalho. Após sofrer a palavra da moda: bullying, decidi escrevê-lo. Para ser imparcial acerca do caso, solicitei a ajuda da revisora do jornal onde trabalho, e construímos este texto.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Salve-se na dieta do cálcio

Fácil ser herói quando o mundo não corre perigo
Abalo sísmico só dá uma jogadinha de lado nos pólos
Diferente da gente,
o mundo continua girando, girando;
enquanto a gente da voltas para contornar as coisas

É bom dá jeito no efeito estufa,
Não desperdiçar coisas: água, energia, inteligência;
nem meu tempo e dinheiro com tanta fantasia de que o mundo vai acabar.
Foi o tempo que El ninho era notícia

Tudo é tão comércio de cálcio.
Coma isso! Passou no noticiário;
supra os mil e quinhentos gramas necessários.
Não coma aquilo e adicione gergelim nas refeições.
São tostões de saúde!
Isso não é real para o trabalhador assalariado; são reais

Não fume, não beba.
Que se foda, não foda!
Carne magra, grelhada com salada é altamente digestivo.
Péssima hora para uma donzela loira a perigo.

Tanta coisa faz mal, respirar faz mal...
Viver mata inclusive,
e morrer é normal eventualmente
Estranho é Niemayer com 102 anos liderando um grupo comunista
Ferreira Goulart discutindo política no “Roda Viva”, e a dona Benedita com 110 anos fazendo ponto cruz e degustando joelhinho de porco.

Engraçado...
Existe gente que não devia morrer
e gente que não podia ter a chance nem de cruzar o óvulo,
mas não dá para brincar de Deus.

“Esse mundo está perdido”, palavras do meu avô
E foi a gente que perdeu!
Tanta sustentabilidade não salva ninguém de tsunami
Deixa o mundo derramar, está fazendo a parte dele
A pena única é que nenhuma dieta salva o homem de si mesmo

Não é tão fácil salvar uma donzela em perigo.

terça-feira, 7 de junho de 2011

As rosas que não recebi

Me veio uma rosa emprestada, não foi ganhada, mas foi de coração. Interessante, gostaria de ter recebido rosas. Fico na expectativa de que cheguem e lá naquela minha mesa não ter somente as porcarias que eu juro precisar de todas, mas também alguns botões que não fosse o já murcho emprestado de um dia ruim.

Engraçado, nunca fui de rosas, aliás, sempre fui de samambaias e girassóis, e sempre ganhei rosas [benditas ou malditas] elas chegavam para mim.

Agora não chega nem matinho de canteiro de rua. E aquele “shakesperismo” de que ao invés de esperar flores é necessário cuidar do jardim e virão borboletas, não serve para mim. Meu jardim é mandacaru no literal.

Não por nada, é só que me esqueço de por água, e gosto da independência das coisas. Também não tenho nada contra as borboletas, mas sou mais de libélulas.

Quando as pessoas se apaixonam, a maioria arranja borboletas na barriga. Já tive disenteria, foi há três anos. Depois, dois ou três que não passaram de indigestão ou uma amizade boa. Gosto mais da amizade boa.

Agora quando me apaixonar, espero ter libélulas retardadas.

Mas eu realmente esperei rosas por esses tempos, é engraçado. A situação toda é bem poética, e patética.

Ganhar rosa de amiga que recebeu flor, não chega a ser humilhante, mas é quase triste. Compaixão é muito triste. Eu sei. A culpa é minha, faço certo draminha, um semi-teatro de dor.

Engraçado, porque realmente nunca fui de flores, nem de amores ou coisa parecida, sempre preferi samambaias, girassóis, e papéis de bala amarrados ao meio.

Os amores, esses eu evitei ao máximo, com todas as forças do cosmos. Não via muito objetivo. Quer dizer, tenho tantas coisas para fazer, e amar demanda demasiado tempo, disposição e uma rotina menos insana.

Amar não seria uma boa ideia para mim. Eu não posso ser esse tipo que se apaixona, mas eu gostei da sensação.

Agora, mesmo sem tempo, fico apreciando as horas em que finjo não ter nada para fazer só pra contemplar a sensação de que há algo por vir. Me recrimino, não há objetivo nisso, talvez perda de tempo, para que me serviriam as rosas? Elas murcham, secam e morrem. Que pensamento mais burro esse sobre as rosas. É que eu tinha certeza que elas viriam, mas não vieram...

Engraçado não saber o que fazer sobre as coisas, então não faço nada, continuo a sequência dos sete dias por semana, aguardando alguma mudança sobre os fatos infactuantes.


Uma decisão deve ser tomada, a de voltar a ser isenta de distrações sentimentais.

Por que isso me soa covarde? Não recebi as rosas, só um botão emprestado de amiga e ainda me levaram as meias... Vou esperar orquídeas.

Engraçado pensar tanto nas rosas, e de que cores seriam, acho que não importam os hibiscos. Na verdade nem me importa se viessem apenas os talos, desde que eu não precisasse mais esperar.

As rosas que não recebi têm um leve afago de lamento.