Me julgue se eu penso o mal alheio, penso mesmo... Fico
fazendo novela na cabeça. Engraçado... Acho que desde criança temos um
adestramento de bem e mal, sem meio termo ou comportamento humano de maneira
mais “antropo”, a gente se apega só na “lógica” inventada e simples.
Igual livro infantil, em contos de fada não existe... Sei lá
uma menina de origem pobre que sofreu o pão que o diabo amassou ficou órfã ou não ganhou a Barbie que queria e resolveu se vingar do mundo. Sabe-se
lá qual a triste história de vida dela, porque cada um tem uma... O fato é que
ela ficou má e virou a bruxa que deu um jeito de casar com o rei e tornar-se a
rainha.
A história vai direto na coisa malévola. E ai sempre tem uma
sonsa que é a princesa, que é do bem. Uma tapada, que paga de boazinha e quer
por que quer o príncipe encantado e ninguém conta os podres dela... Ela deve
acordar com hálito de cereja a cretina. A história fica restrita a como ela tem
um cabelão comprido e faz um charme danado pra todo mundo e ninguém diz o
quanto ela é preguiçosa, num lava nem a calcinha e sempre teve tudo na mão, mas
ela é linda, então é do bem.
Ou novela, aquela ambiciosa que quer dominar tudo e todos e
a outra que só quer o que? O que? O que? Amar!!! Aí as duas inventam de querer
o mesmo cara, ou nem querem, mas tem que rolar disputa, porque num tem uma só novela que num tenha um lance assim e então fica aquela coisa, a sujeita do mal é mais esperta e sempre tem um cara que é uma anta e num percebe um palmo na frente e assim fica a novela toda, até no final,
a mocinha provar por A mais B que ela é a do bem que a outra é a do mal e que
não merece o amor nem de uma pulga.
E é assim que a gente aprendeu a vida toda, tanto pela literatura como pela televisão. Me fez mal é do mal, me fez bem é do bem, e se me decepciona é do mal e se fez algo bom volta a ser do bem ou simplesmente a mudou ou evoluiu, mas ninguém quer dar conta do próprio umbigo.
É ninguém quer mudar, eu pelo menos sinceramente num quero, só racionalmente penso que era bom pra variar, mas o fato é que projetar o mal no outro é bem mais divertido, se você encontra alguém que também não gosta daquele outro é mais divertido ainda, porque aí vira assunto.
E é assim que a gente aprendeu a vida toda, tanto pela literatura como pela televisão. Me fez mal é do mal, me fez bem é do bem, e se me decepciona é do mal e se fez algo bom volta a ser do bem ou simplesmente a mudou ou evoluiu, mas ninguém quer dar conta do próprio umbigo.
É ninguém quer mudar, eu pelo menos sinceramente num quero, só racionalmente penso que era bom pra variar, mas o fato é que projetar o mal no outro é bem mais divertido, se você encontra alguém que também não gosta daquele outro é mais divertido ainda, porque aí vira assunto.
Fico confabulando, até cenário monto.
Coisa bem baixaria mesmo, com dissimulação e abraço. Ah, mas você disse isso...
E bla, bla, bla, balela. Nem tenho tempo para isso. Firma-se a superioridade de
quem não se apega a tão pouco depois fica em casa fungando no travesseiro e
pensando que o dia certo checa e a cortina se abre. É tudo teatro, mas a gente
se esquece que na vida se não dermos conta dos nossos personagens eles nunca
deixam de existir e que felizes para sempre é todo dia... Porque essa é uma
escolha só nossa.
Não dá pra brincar de rainha má e princesa, nem de mocinha e vilã... Somos tudo por várias razões, então não dá para esperar o outro virar do bem igual novela. A gente pode tentar ser bom, mas sem ter o dever de vítima. O lance é se despir dessa bondade que a gente acha que tem, perceber o nosso mal, assumi-lo e trabalha-lo. Não sentar em cima do rabo.
Não dá pra brincar de rainha má e princesa, nem de mocinha e vilã... Somos tudo por várias razões, então não dá para esperar o outro virar do bem igual novela. A gente pode tentar ser bom, mas sem ter o dever de vítima. O lance é se despir dessa bondade que a gente acha que tem, perceber o nosso mal, assumi-lo e trabalha-lo. Não sentar em cima do rabo.
Todos tem bondade? Aham, mas não vim aqui para pagar de
mocinha. Penso que assumindo nosso mal podemos transforma-lo em algo mais
produtivo. Assim quem sabe a gente nem percebe o mal do outro... E não é ser
inocente, mas não ser afetado, porque as coisas se arranjam melhor sem esse
drama todo.
"Esse sou eu na esquina de novo, tudo é tão novo, quanto esta canção. Será que alguém presta atenção?" E.H.
"Esse sou eu na esquina de novo, tudo é tão novo, quanto esta canção. Será que alguém presta atenção?" E.H.