quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Maybe

É que subjugo as capacidades sentimentalistas
Minhas e alheias... Fico alheia a tristeza
Talvez realmente ficasse...
Não fosse tantos pertinhos na cama...
Vira pra cá e pra lá, e mais um pouquinho de sono e denguices

Esse som de chamego que excita

Desajeita meu cabelo, pra mais um cheiro de nuca

talvez ficaria alheia

Maybe

Se não fosse aquele jeito ligeiro
uma pasta de dente no fim
E uma engenharia bastante duvidosa sobre a graça do corriqueiro 

São alguns detalhes de coisas bonitas
gosto das minúcias, das miudezas...
Foram poucos dias;
poucas histórias, algumas risadas...
Muitas músicas, alguma bebida... Duas madrugadas

Alguma vergonha alheia
alguns cheiros e vontades
Meu creme de mão e um pijama amassado
E então uma mala no carro

Perdi a compostura

sábado, 24 de dezembro de 2011

Amor fugado

Saio com meu fusca como todos os dias cedo rumo ao trabalho e monte de possibilidades. Então me pego ouvindo música argentina e cantando num sofrimento de pena e achando graça disso... “Labios compartidos. Labios divididos, mi amor”. É grave: pensei.

Faço uma retrospectiva da noite passada, quando por um bom tempo me senti tão coadjuvante... Observando todas as possibilidades, mas sem nenhuma ação. Me vejo narrando minhas expectativas, como meros contos, não algo possível de ser vivido.

Gosto de saber que parece poético, que rima com patético. A rima é pobre, mas o sentimento nobre... rs! Uma piada. Parei! E fico bastante preocupada por não haver nada de concreto ou palpável. Então só fico olhando e organizando para seja pelo menos uma boa obra.

Fico na dúvida se seria um narrador observador, onisciente ou neutro intruso. Divago ante várias dúvidas, sobre muitas coisas. De repente vejo sentido em músicas ruins e profano meu bom senso com sentimentos mais fáceis. Reduzo-me a uma comédia romântica, depois a um livreco desses com nomes de mulheres: Sabrina, Jéssica, Julia e Bianca, um pouco menos descritiva.

E depois de um tchau surpreendentemente doído. É não previ a cena, mas até que contive o soluço, só não o cisco dos olhos. Tive o impulso de beijos desesperados, mas também os contive. Só não contive a sensação de lamento e uma semi-saudade.

O fato é que ri muito enquanto ouvia: “Yo no puedo compartir tus lábios. Que comparto el engaño”, e ia repassando toda a noite
em pensamento. Eu não sei exatamente do que ria. Acho que eram as centenas de libélulas que insistiam em fazer um estrago na minha barriga desafiando minha sanidade.

Novamente retomei a lembrança do meu lamento da noite anterior: é eu chorei. Entrei no carro e chorei feito viola bem tocada. E é aí que a vida sacaneia toda a cena de novela mexicana.

Simplesmente apareceu um mendigo com uma canequinha na mão me perguntando onde ele encontraria água. Puxa vida, era 3h da manhã, não podia chorar sem ser vista? Não... Eu não. Eu tenho que ser zoada pelos Deuses todos. Ai que chacota! _ Olha a Sarah que idiota”. Que sede era aquela?

Criei todo uma atmosfera pensando: tenho muita água aqui. Pensei no meu quase pranto, como chuva. Pensei em torrencialmente. Dramatizei: das minhas lágrimas, apenas sal, lhe secaria a boca e amargaria a vida... Depois ri. De onde tirei esse amargo todo?!Sal é salgado. Burra! Além de largada é burra!



Então ele, o senhor de uns 60 anos, no estado de mendigo, me fitou bem os olhos e disse: “mas você ‘ta chorando mia fia. Não divia fazer isso, não é justo com as minina feia (sic)”. Me senti quase linda com aquela cara de bolacha.

O fato é que ele me viu e se importou: disse que eu devia ligar o carro e partir pro meu destino. É quando o mundo me joga na cara, que não devemos subestimar a profundidade de nenhuma criatura. Obrigada senhor sem nome.

Aí não tive muita escolha a não ser escolher continuar chorando, mas dessa vez em movimento e ouvindo Zeca: “A solidão é meu cigarro, não sei de nada e não sou de ninguém. Eu entro no meu carro e corro, corro demais só pra te ver meu bem”.

Ai chorava freneticamente. A essa altura sabe-se lá porque. “Dias vão, dias vem, uns em vão outros vem. Quem saberá a cura do meu coração se não eu”. E eu pensava nisso tudo, ouvindo musica argentina as 7 da manhã. Que jeito mais masoquista de começar o dia. “melhor é dar perdão a quem perdeu”. Impressionante a capacidade de lembrar uma música tocando outra.


No final, analisando tudo, sei que não há graça. Não tem graça, parece depressivo pensar assim, mas mesmo não sendo engraçado tenho medo de ser uma piada, ou que minha vida seja um livro mal escrito. Respiro fundo e a dúvida permanece encanada, como vento preso. Por que me permitir algo que não seria nunca?! Porque é lindo! “Amorrrr fugado”... rs!

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Oficio, paixão ou jornalismo?

A desvantagem em iniciar uma carreira antes da formação acadêmica é que no fim não há como dizer que foi enganado sobre a profissão. Sinto que sofro da síndrome da frustração precoce. Sim! Acho que padeço desse mal.

Veja bem: não se trata de arrependimento ou duvida sobre a escolha. Mas uma reflexão referente aos sofrimentos adiantados que são inevitáveis.


É engraçado aprender algo num lugar e desaprender no outro, e vice e versa. A faculdade simultânea ao ofício fatalmente gera isso.
Pareço estar generalizando o caso, então é melhor que eu diga logo. Sou jornalista, estudante de jornalismo, e estou cansada!

A falta de compromisso é o primeiro ponto. Não escolhi o trabalho, por romantismo, mas por paixão. Isso no sentido etimológico, não camoniano. Não porque acho que posso mudar o mundo, mas pretendo no mínimo deixar a vida das pessoas menos difícil.


Não sou presunçosa em achar que detenho a informação correta e que posso tornar as pessoas menos ignorantes. Porque trabalhando, eu aprendi, que os furos dos jornalistas(e eu ‘tô falando de jornalistas conceituados), não representam um décimo do que realmente acontece.


Mesmo assim, gosto de saber que participo desse processo, e que estou pelo menos tentando enxergar o mundo e as pessoas. O que eu não entendo, é porque pessoas que não estão nem ai com o outro, ou com o mundo, escolhem a profissão.

Isso gera problema a quem quer de fato provocar algo, no sentido de trabalhar por alguma coisa. Isso me trapalha. Tanto no quesito colegas de empresa, como no de colegas de trabalho.


Eu ainda estou bastante longe de ser boa no que faço, mas eu me dedico, e quero ser melhor todos os dias. Não só por mim, só que acho extremamente depressivo viver num local onde meninas e meninos usam fio dental na rodovia, mostrando não apenas a bunda, mas expondo todo um sistema falido, e nem serem percebidos nessa ótica.


O que sinto é que as pessoas estão pouco motivadas a se responsabilizarem pelo caos. Temo a instalação da banalização da mediocridade humana. Por isso, creio que não basta somente perceber, mas gerar a crise, e o único modo que encontrei de promoção dela, é escrever as coisas que consigo descobrir, e me fazer ser lida.


Não é fácil ser jornalista, é uma vida de renúncia. Tenho 25 anos e deixo de fazer muitas coisas, porque acredito no exercício. E confesso, com certa vergonha que tenho sido tentada a escolher outros caminhos.


De repente um trabalho mais comum na área, no corporativismo. Então quando preciso obter alguma informação que utilizo como meio, um assessor de comunicação, questiono se o jornalista na função de assessor, perde o compromisso com a verdade. 



Porque esse profissional passa a ignorar todos os fatos, repetindo uma frase pré-determinada e omitindo fatos.  Tudo por um emprego de salário melhor. Eu nunca quis um emprego, sempre quis um trabalho.

E então me perco em outra divagação, se “verdade” é um conceito referencial, no que podemos nos apegar para construir algo?! Então retorno a dialética evolução a partir da desconstrução por meio da crise. Mas as pessoas não querem crise. Querem conforto e sossego.


Um dia minha mãe disse: se um mendigo te pede comida. Dê um prato de comida. Se um dia te pede dinheiro para comprar remédio, dê o dinheiro para o remédio, se um dia te pede para a pinga, dê também para a pinga, e se ele lhe pedir dinheiro sem mencionar a finalidade, se você decidir dar o dinheiro, não o questione, porque o ato da transferência de algo, faz com que aquilo, não lhe pertença mais.

Eu considero muito sábio.

E com essa didática eu entendo que não sou eu quem vai prever ou decidir o que as pessoas querem ou precisam. O indivíduo tem o direito de escolher se vai viver uma vida toda de passeio ou de propósito.

Aí me vem uma outra frustração, será que tanta dedicação é necessária? Será que as pessoas querem mesmo ouvir o que eu tenho a dizer? Será que as coisas que eu penso e escrevo são de fato relevantes? Sei que quero ser jornalista, mas estaria eu nos rumos acertados do ofício?!



Vou continuar escrevendo, mas não sei se os mendigos ficarão satisfeitos...





sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Amor é apelido

Meu pai e minha mãe tinham apelido
Eram Tatá e Querido

Ela gritava dum lado da rua: Queriiiiiido,
e ele dizia: Tatá...

Mas não nessa ordem...
Me lembro do amor dos dois

Minha mãe: ave de rapina
Meu pai: um jequitibá
Ficou parado pra gente encostar... E minha mãe só observando...

Mas tudo é trocadilho

Meu pai me conta que muito cedo se tornou o “Querido”
logo, breve e redundante lançou o outro, é o outro apelido

“Você me chama assim; vou te chamar desse jeito então”.

Acho original; só vi isso em casa...
Não quero moda só tendência na minha vida
Meio vintage

Contudo, gosto de pai, Jão, Pedro e Sarah
Um quarteto imperfeitamente perfeito...
Tá Querido?! Brancaaaa...

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

De cinco em cinco

De repente ela tem 10 anos e uma noção inexata sobre a vida. Corre todo um mundo de sonhos numa pedalada inconstante. Ela sabe que “viver não é preciso”. Um dia, um choro de incerteza a surpreende, um sentimento sem compreensão a invade. Deus dá às crianças toda a percepção do mundo, mas com as sabotagens dos adultos, a decodificação fica precária. Saudade é uma palavra difícil e o telefone um acesso restrito.



Ela se saiu bem, comprou flores, organizou a casa e ficou bonita para esperar. A porta do carro abriu e logo ouviu o portão. Ufa! Chegou! E se embriagou do melhor encosto de mãos e braços que talvez já teve na vida. Finalmente um choro decente. Ela jamais esquecera aquele cheiro característico de felicidade, e teria sido suas primeiras lágrimas de alívio. A paz voltou, mas a inocência saiu pela mesma porta, sem o menor rastro.


Certo dia, um semestre antes dos 15, ficou feliz por compreender o que passara, e a inexatidão sobre as coisas ainda não a incomoda, porque o sentido se dá com a observação dos fatos e a percepção de que as contas matemáticas ou a sistematização do tempo só existem por mera organização do homem que ainda é incapaz de viver ser demarcar ou monitorar coisas. Bobagem! Talvez ela passe a vida toda chegando atrasada nos locais porque não há finalidade em perder o prazer das coisas por 10 minutos de responsabilidade.


Então debruçada sobre sua impaciência, ouviu: toque, toque, toque, em um corredor. Um rosto conhecido se aproximou, com uma expressão assustadora. Em seguida um silêncio mais que necessário e odiosamente perturbador.


Uma mesa, um bloco de papel, e uma expressão pálida. Naquele dia, ganhou um carinhoso tapa na cara, não sentiu dor, estava anestesiada, considerou inútil demonstrar tristeza, decidiu mostrar-se apática. Na verdade só disse: ‘tá bom...


Seguiu um corredor de cheiro frio, foi ali que lhe apontaram o caminho para o desconhecido. Uma porta. Mirou sua infância como num flerte, mas deu as costas num abandono incompleto e a deixou do lado de fora.


Um olhar foi fitado, aquele momento talvez tenha sido o mais triste, nenhum especialista tinha explicado tão bem a falta de esperança, como toda a didática daquele olhar. O soro da veia lhe correu nos olhos. Uma certeza estranha absorveu qualquer possibilidade de mudança. Ali, parte do seu destino já estava traçado. A profecia não era satisfatória.


Desde muito pequena sabia que jamais poderia obter cálculos exatos. Mas dessa vez a conta era muito certa e os dias eram poucos. Foram horas longas e dias curtos. O suficiente para chegar nos 15 anos. Um bolo doce, um pedido amargo, nada de sonhos, nada de velas. Era só o último, de muitos que viriam carregados de ausência.


Agora ela entende o quanto se pode sentir dor e nem fazer conta disso. Mas essa não era a sua dor. Essa era a dor de quem partia e sabia que perderia o resto das primaveras de coisas imperdíveis, e era um caminho sem escolha ou volta. Não havia velas, mas o sopro foi apagado.


Então anda com um caderno de desenhos debaixo do braço, seus traços são cópias de outros traços, na busca constante do seu melhor. Gosta dos lápis mais escuros, aprende a fazer sombras e desenha olhos nos cantos de página. Se a vida fosse fácil ela teria aprendido matemática.


É que chegaram os 20 e ela coleciona histórias de coisas que começou a fazer. Certas, erradas, meio termo. Caçoa do malfeito, mantém-se bicho para aguçar os instintos, faz-se doce para manipular o espelho, põe-se dura, para que ninguém duvide de sua força e coloca-se brava para obter respeito. De noite se encolhe na cama para que os lençóis lhe dêem chamegos, chora um pouco e sorri grata por saber que é só uma fase.


Embora incomum, diante de tudo ela até que se acha normal, mas permanece com o mesmo sentimento abstrato sobre a vida e não ousa interpretá-la.


Com 25 aprendeu que só é possível controlar coisas individuais, ainda assim uma fração bastante desanimadora, e por isso, as vezes se frustra e porque entendeu as duras penas que ninguém foi feito para viver sozinho, mesmo assim, seu maior temor é depender de alguém para ser feliz e resiste ao máximo ao sentimento, porque tem medo de não aguentar uma rejeição.


Uma profissional proativa, uma filha desajeitada, uma irmã bandida e uma mulher que não se define, mas tem coragem e arriscar e sofre consequências. Não se isenta, nem se economiza. Corre ruas, praças e avenidas, com orgulho de se tornar o que tornou. Nada relacionado a status. Somente por jamais ter deixado de acreditar na inexatidão das coisas.

Às vezes tropeça e desanima, mas sabe que a hora certa vai chegar e sorri para o vento. Pena ela não estar aqui pra ver tudo isso, é o que ela pensa. E num suspiro faz uma oração.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Quem é bagunça?

POR: Jackeline Vasconcelos e Sarah Minini

Bagunça seria um ponto de vista ou uma questão de estilo?

Uma forma de organização abstrata ou uma questão cultural?

Tortura de mãe ou uma convenção de família?


Estranho essa necessidade insana de arrumar a cama. É o princípio do sofrimento.


Essa coisa toda é muito sem resposta.


As pessoas caçoam da forma como mantenho minha mesa.
O que percebo sobre ela é que é um espaço pequeno para muitas coisas. É como uma colcha de retalhos bem costurada e colorida...


Situação complicada. Às vezes percebo que minhas coisas sumiram. Estranho né! Certeza que alguém esconde. Tudo o que eu preciso eu coloco sistematicamente lá. E como não estão lá se eu mesma as coloquei?

Isso é coisa mandada, macumba. Aposto que “eles” não possuem tal domínio de organização estratégica [de coisas a mão] e querem me derrubar.


Suástica pura, a mais completa repressão. Hi Hitler mesmo.
Tem coisas que parecem ter pernas. Por que meu fio dental vai parar debaixo da minha agenda? Como meu CD caiu atrás da mesa? Só podem ser os Gremlins... Moram Gremlins em minha mesa. Quem faria tal coisa senão aquelas criaturinhas?

Por que as pessoas riem quando vêem no meu porta-treco? Escova de dentes, pente, marcador de livros, faca de mesa, canetas amostra e luva de silicone para hidratar as mãos. E daí?


Tudo é util. Tudo a postos para ser usado. Se tivesse um compasso... Mas não tem. É tudo muito certo. Penso que a criatividade brota do conjunto de itens importantíssimos para meu desempenho.

É como se de alguma forma eles cooperassem diretamente com a minha capacidade produtiva...


Todo mundo precisa de álcool 70%... Do lirismo da rosa seca a devoção do terço pocket. Eu preciso de todos os cartões devisita, spray de garganta, remédios para alergia. Tudo possui uma função exata. Estranho que as pessoas sobrevivam sem estas coisas.


É verdade que às vezes algumas coisas podem parecem fora de lugar, mas não sou eu, juro! É a menina que as vezes usa minha mesa. Aquela de All Star que fica cantando: “Hey mãe eu tenho uma guitarra elétrica”. Nossa eu adoro All Star, comprei um vermelho outro dia. Me senti até mais fã do Humberto Gessinger.


É tão relativa essa coisa de bagunça. Às vezes a santa Cleusa limpa tudo, inclusive a minha mesa. Mas demora um mês até que eu consiga voltar todas as coisas no lugar de volta. Ela guarda tudo em lugares sem sentido, como gavetas, armários.


Vou botar aquela menina para dar jeito em tudo. Dupla personalidade que nada. Para nada servem os analistas.

Cazuza: “eu vou pagar a conta do analista, pra nunca mais ter que saber quem eu sou, quem eu sou...”.




Ps. Esse texto surgiu de inúmeras discussões infundadas, caluniosas de maltidices de colegas de trabalho. Após sofrer a palavra da moda: bullying, decidi escrevê-lo. Para ser imparcial acerca do caso, solicitei a ajuda da revisora do jornal onde trabalho, e construímos este texto.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Salve-se na dieta do cálcio

Fácil ser herói quando o mundo não corre perigo
Abalo sísmico só dá uma jogadinha de lado nos pólos
Diferente da gente,
o mundo continua girando, girando;
enquanto a gente da voltas para contornar as coisas

É bom dá jeito no efeito estufa,
Não desperdiçar coisas: água, energia, inteligência;
nem meu tempo e dinheiro com tanta fantasia de que o mundo vai acabar.
Foi o tempo que El ninho era notícia

Tudo é tão comércio de cálcio.
Coma isso! Passou no noticiário;
supra os mil e quinhentos gramas necessários.
Não coma aquilo e adicione gergelim nas refeições.
São tostões de saúde!
Isso não é real para o trabalhador assalariado; são reais

Não fume, não beba.
Que se foda, não foda!
Carne magra, grelhada com salada é altamente digestivo.
Péssima hora para uma donzela loira a perigo.

Tanta coisa faz mal, respirar faz mal...
Viver mata inclusive,
e morrer é normal eventualmente
Estranho é Niemayer com 102 anos liderando um grupo comunista
Ferreira Goulart discutindo política no “Roda Viva”, e a dona Benedita com 110 anos fazendo ponto cruz e degustando joelhinho de porco.

Engraçado...
Existe gente que não devia morrer
e gente que não podia ter a chance nem de cruzar o óvulo,
mas não dá para brincar de Deus.

“Esse mundo está perdido”, palavras do meu avô
E foi a gente que perdeu!
Tanta sustentabilidade não salva ninguém de tsunami
Deixa o mundo derramar, está fazendo a parte dele
A pena única é que nenhuma dieta salva o homem de si mesmo

Não é tão fácil salvar uma donzela em perigo.

terça-feira, 7 de junho de 2011

As rosas que não recebi

Me veio uma rosa emprestada, não foi ganhada, mas foi de coração. Interessante, gostaria de ter recebido rosas. Fico na expectativa de que cheguem e lá naquela minha mesa não ter somente as porcarias que eu juro precisar de todas, mas também alguns botões que não fosse o já murcho emprestado de um dia ruim.

Engraçado, nunca fui de rosas, aliás, sempre fui de samambaias e girassóis, e sempre ganhei rosas [benditas ou malditas] elas chegavam para mim.

Agora não chega nem matinho de canteiro de rua. E aquele “shakesperismo” de que ao invés de esperar flores é necessário cuidar do jardim e virão borboletas, não serve para mim. Meu jardim é mandacaru no literal.

Não por nada, é só que me esqueço de por água, e gosto da independência das coisas. Também não tenho nada contra as borboletas, mas sou mais de libélulas.

Quando as pessoas se apaixonam, a maioria arranja borboletas na barriga. Já tive disenteria, foi há três anos. Depois, dois ou três que não passaram de indigestão ou uma amizade boa. Gosto mais da amizade boa.

Agora quando me apaixonar, espero ter libélulas retardadas.

Mas eu realmente esperei rosas por esses tempos, é engraçado. A situação toda é bem poética, e patética.

Ganhar rosa de amiga que recebeu flor, não chega a ser humilhante, mas é quase triste. Compaixão é muito triste. Eu sei. A culpa é minha, faço certo draminha, um semi-teatro de dor.

Engraçado, porque realmente nunca fui de flores, nem de amores ou coisa parecida, sempre preferi samambaias, girassóis, e papéis de bala amarrados ao meio.

Os amores, esses eu evitei ao máximo, com todas as forças do cosmos. Não via muito objetivo. Quer dizer, tenho tantas coisas para fazer, e amar demanda demasiado tempo, disposição e uma rotina menos insana.

Amar não seria uma boa ideia para mim. Eu não posso ser esse tipo que se apaixona, mas eu gostei da sensação.

Agora, mesmo sem tempo, fico apreciando as horas em que finjo não ter nada para fazer só pra contemplar a sensação de que há algo por vir. Me recrimino, não há objetivo nisso, talvez perda de tempo, para que me serviriam as rosas? Elas murcham, secam e morrem. Que pensamento mais burro esse sobre as rosas. É que eu tinha certeza que elas viriam, mas não vieram...

Engraçado não saber o que fazer sobre as coisas, então não faço nada, continuo a sequência dos sete dias por semana, aguardando alguma mudança sobre os fatos infactuantes.


Uma decisão deve ser tomada, a de voltar a ser isenta de distrações sentimentais.

Por que isso me soa covarde? Não recebi as rosas, só um botão emprestado de amiga e ainda me levaram as meias... Vou esperar orquídeas.

Engraçado pensar tanto nas rosas, e de que cores seriam, acho que não importam os hibiscos. Na verdade nem me importa se viessem apenas os talos, desde que eu não precisasse mais esperar.

As rosas que não recebi têm um leve afago de lamento.

domingo, 29 de maio de 2011

Deus mora no céu de outono


Ps. Por alguma razão acho que o que eu escrevi combina com essa música


Essas manhãs de outono são de uma coragem desafiadora
É quando o pulsar fica mais forte
e os abraços parecem ser maiores de medida
Quando nos sentimos mais capazes
Deus deve morar no Céu de outono
shuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu

Abro os olhos e sinto aquele friozinho característico
Já sei, meus pés estão descobertos
Ouço os passarinhos maritaqueando no pé de jabuticaba
dão toquinhos no meu vitrô,tudo bem; eu vou levantar

penso nas arvores dançando, preciso olhar

É domingo, 8h
abro a janela, digo bom dia ao Dia
respiro os beijinhos dos pardais cantarolando meiguices 

O vento conserta meu cabelo desarrumado pelo travesseiro
olho no varal,
a velha colcha de retalhos sorri para mim
com as lembranças de tantas primaveras e invernos

Um ar áspero me desconserta por um momento
e gagueja em meu ouvido:
“talvez não traga aquela folha de volta, podia levar a que ficou”
Shuuuuu shuuuuuu... As folhas arrastadas me dizem: Calllma...

A colcha de retalhos agora voa e vai para o alto,
vejo ela se afastando indócil,
sem pudor, sem saudade,
sem nem mesmo tentar ficar para me aquecer, me envolver,
ou me devolver o que me tirou
Esse vento de outono

Me debruço sobre a janela, me encosto em um sonho que tive
e me recordo de outra calma: “Calma”
Um suspiro de janela, uma namoradeira de outono
Então vejo as folhas amareladas da mangueira
a velha caminhonete do meu pai se rendendo ao zinabre
E eu começo a me render ao cansaço de sentir tanto...
mas as manhãs de outono são tão mais bonitas,
Deus mora em um céu de manhã de outono

É outono, eu amo as manhãs de outono
Quando posso desbravar o céu contemplando os tons de azul
quando o vento empresta a liberdade e me dá coragem
É quando meu abraço parece maior
quando meus sentimentos parecem mais capazes
É, Deus mora no céu de outono

Fui inflada por esse sentimento no mesmo ato
Me pareceu tão certo e comprovado que naquele momento
Seria exatamente do jeito que imaginei
O outono bem costurado
Quatro pés debaixo da colcha de retalhos
e o vento soprando do lado de fora,
fazendo-se de música, enchendo nossos ouvidos de bobices

Mas agora o vento leva e traz os retalhos costurados
no varal a colcha dá um vacilo e se estende no chão
ouço um bem-te-vi canhoto tão longe
Fecho os olhos... É tão bonito o céu de outono
Shuuuuuuuuuuuuu, shuuuuuuuuuuuuu

Me engasgo em pensar: o outono é para os amantes
um clima perfeito para a temperatura dos corpos
Deito sobre a colcha de retalhos e namoro minhas incertezas
Bem vinda ao lar: não me quero de volta, quero voltar
Eu não sei se posso, volto a minha janela, ela é um quadro
Um esquadro perfeito de ampliar vontades
e é outono.

As manhãs de outono são as melhores manhãs
bem como as tardes, por mim eu só teria outono
quando as coisas que não servem mais vão embora
carregadas suavemente pelo vento
É quando meu abraço é maior,
meus sentimentos são mais capazes
e sinto meus sentidos mais possíveis
Tudo pode acontecer em uma janela de outono.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Novos baianos

Coisas interessantes acontecem mesmo o tempo todo?
A disposição deveria ser algo trivial para que ocasiões se tornassem eventos
impressionante como as viagens de fato são caminhos para as melhores sensações
o permitir deveria ser um caso de suma obrigação


Uma família de baianos compartilhando música, compartilhando sonhos,
Construindo cidade e desconstruindo mundos

Coisas assim deviam acontecer sempre

Um butequinho com amigos
o uso da cerveja, e um pouco de nicotina não fazem mal a ninguém quando se ouve Belchior e cantando as semi-convicções de um rapaz


Coisas interessantes acontecem mesmo o tempo todo?
Engraçado como o preconceito pode inibir os melhores momentos
e como ser desejoso da liberdade plena agrega mais situações verdadeiras

Um butequinho
Um pilequinho com os amigos num domingo destrói qualquer banalidade da segunda promissora de horrores.
Definitivamente o bom uso da cerveja, e um pouco de nicotina não fazem mal a ninguém quando se canta Belchior

Uma família de baianos compartilhando sonhos, compartilhando música
Construindo cidade e desconstruindo mundos


Coisas interessantes acontecem mesmo o tempo todo?
Todo o tempo zilhões de pessoas por aí, fazendo outros zilhões de coisas
Olhar para o lado devia ser disciplina de escola,
perceber o mundo não devia ser opcional
Fazer banalidades deveria ser crime
O desassossego devia ser implantado com o um chip na mente das pessoas

Uma família de baianos compartilhando sonhos, compartilhando música Construindo cidade e desconstruindo mundos


Coisas interessantes acontecem mesmo o tempo todo?
As viagens ao desconhecido, a intensidade dos momentos, a leveza da espontaneidade
Tudo isso faz com que aconteçam coisas interessantes o tempo todo
Não é necessário ir muito longe pra fazer turismo
A esquina de casa é um ótimo começo
Dar oportunidade a si mesmo é o melhor transporte
Se despir de medos, amarras e preconceitos a única passagem
E se jogar nesse negócio de botar gente no mundo que se chama vida é a única e melhor viagem
Porque acontecem coisas interessantes o tempo todo,
é preciso apenas ver com os olhos de enxergar
A redundância se faz necessária para um ato de chamamento
Prestar atenção apreciar e vivenciar essa coisa toda que é tão bonita

Três baianos tocando MPB, num domingo, explorando um latino americano...
Amar e mudar... Deveria interessar mais...

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Nas prateleiras

As coisas deviam ser todas de conveniência 24h
Já pensou comprar sacos e sacos de bom senso ?
Contra senso seria pedir meia dúzia de desculpas
Mas encontrar nas prateleiras pacotes de coerência seria incrível
Bom seria encomendar compreensão e bondade
É engraçado!

Que tal vender amor em farmácia?!
Iria comprar comprimidos de beijos de canto de orelha
cartelas de pés que roçam um no outro
cápsulas de cheiros e suspiros
doses de palavras bandidas e beijos roubados
centenas de efervescentes de abraços e amassos
e injeção contra a saudade e fins indesejáveis
Aí pediriam receita e passariam um antipocondríaco
Pílulas de carinho não fazem mal a ninguém
É engraçado

Por que não encontrar gentileza por atacado?!
Já pensou dar de cara com respeito no balcão?!
Bons modos poderiam ser distribuídos a um bom preço em supermercados
Difícil seria pagar imposto sobre as verdades
E pedir nota de lealdade
Encontrar sinceridade pronta para consumo seria o ideal
Quem sabe sorrisos na promoção...

Enquanto nada disso está na vitrine é bom dar uma limpada no espelho...

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Coquetel Molotov

Definitivamente quando o dia é pra ser ruim ele não dá aviso, e acontece cada coisa que se você acha que não pode ficar pior é por mera falta de imaginação. Cópia daquelas comédias: como se não bastasse o cara estar ferrado, vem um carro e joga lama por cima. Pois bem... É o que aconteceu comigo. Coquetel Molotov. Isso parece marca de vodka. Me dá uma dose...

Decidi rir pra tirar proveito e não me entregar a uma possível e eventual tristeza, correndo o risco de me tornar amarga. Ah! Isso eu não faria comigo, não de novo, nem nunca mais, muito menos para sempre. Notícia ruim vem por SMS e email. Mas isso não é um sinal é tecnologia.

O caso é que logo pela manhã [5h45], vou ao meu banho rotineiro de acorda logo porque o dia está prestes a acontecer. Um friozinho tão convidativo aos edredons, lençóis e travesseiros... Enfrentei bravamente a preguiça e segui forte e honrosa para o chuveiro. Abri o registro, a água desceu à vapor, me joguei de cabeça. Quando começava a gostar daquilo, caiu o fusível e simplesmente fiquei no escuro e uma água gelada do mal pingando no cerebro. Pensei: que droga! Foi aí que eu deveria ter voltado para a cama, mas vendo que estava tudo ligado: TV, ferro de passar, liquidificador... Isso não seria um mau presságio.

Superei o desgosto rapidamente, apreciei a vitamina de leite de soja, abacate, banana, maçã e sem açúcar de todo santo dia, preparada carinhosamente pelo pai diabético (aquilo é horrível), mas num dava pra dizer que o dia seria ruim, porque todo dia eu sou obrigada a passar pela bebida semi-láctea se num fosse a soja. Exceto por ter encontrado um objeto não identificado, que preferi pensar que era uma casca de alguma das frutas, essa parte do dia foi tudo bem e esse certamente não seria um sinal.

E então saio pra ir trabalhar e me deparo com um cara de cueca coçando a pança e uma mulher de cabeleira loira, descabelada de toalha bem na esquina indo pro carro em despedida. Cena forte numa manhã de segunda: um sujeito de meia idade, careca, barrigudo, com zorba de vô, dessas que o “dito cujo” sai de lado, é no mínimo traumatizante. É engraçado também, sabendo que na esquina de casa, atravessando a rua fica instalada uma casa de recreação do sexo chamada “Tia Lica”, tudo dispensa comentários e esse não seria o motivo pra superstição, as pessoas transam.

Como se não bastasse, chego ao trabalho, a reunião “inquisidora” espera por mim e aos meus colegas. Toda segunda-feira a mesma coisa, cujo ensinamento é: “com as reuniões eu aprendi que se o Corinthians perde a culpa é minha!”. Sendo uma carnificina, nem pensei que a situação fosse uma amostra do que poderia vir de exclusivo para mim. Não! Não era um aviso.

Acabou a reunião, começo a trabalhar, e de repente, não mais que de repente a internet cai. Pode ser que na ocasião da pedra lascada alguém conseguia trabalhar sem internet, atualmente, no entanto, não consigo descobrir nem que dia é hoje sem o “guru” de todos os dias, horas e circunstâncias. E a internet bandida não voltou... Mas a falta da internet não chega a ser um atentado, é mais um fenômeno natural... Tipo tsunami... Não é um sinal e sim a falta dele.

E ainda não foi o pior, eu estava eu feliz, porque não tinha mais o que acontecer... Quando surge o motorista pra me buscar numa pauta (uma matéria normal, limpa de ar condicionado). O fato é que ele tava na adrenalina, uma ocorrência do nada e eu tive que ir junto... Fui...

A denúncia era a de que encontraram um corpo numa casa. Até aí tudo bem, estava me preparando para escalar um muro para conseguir a foto do suposto defunto, quando pisei num cocô fedido, e mole, e gigante! Custava olhar para o chão? Não! Eu estava empolgada demais com a altura do muro e a nostalgia do colégio.

E nem era morto, mas quase mataram uma velha de susto. Jogaram uma bomba caseira no terreno ao lado da casa da pobre. Mandaram uma nitroglicerina de garrafa cheia de pregos, judiação! Podia ser coquetel molotov, passei perto da dose!

A senhora tremia tanto... Mas a entrevista foi a melhor. Nesse interim eu já sabia que meu all Star branco estava “merdeado” a toa, eu havia subido no muro a toa e a matéria já nem era um fato conclusivo.

Eu só tava fazendo a foto das janelas quebradas, mas ouvi que era culpa da novela da época da ditadura [soube que é transmitida no SBT], que influenciava os jovens a produzirem bombas. Foi demais, e me manter séria e prestativa, foi ainda mais absurdo. Maldito Google com essa cultura terrorista impregnada em suas páginas. E meu pé fedendo. E pra descer do muro, foi estilo Capitão Boing. “Se o céu é o limite”, do chão é que eu não passo.

Eu não vou falar do meu almoço porque aí vai ser humilhante. A falta de tempo e grana me obriga a comer marmita todos os dias, e obvio que deu errado e eu não vou contar isso. Voltei a trabalhar, travando uma batalha com o dia, fazendo graça de tudo, porque é nessas horas é que é válido ser auto divertida. Inteligência emocional para as horas de crise. Molotov.

A internet caiu de novo. De repente “PI” meu celular, li uma mensagem que deu dor de barriga e com aquela marmita nem conto nada. E a internet voltou, antes não tivesse voltado. Li um email desesperado e pensei agora acabou tudo mesmo. Mas já tava tudo bem ferrado então decidi ser corajosa e ver que o dia não ia me matar. Coquetel Molotov para os fortes.

Aquela altura eu já estava me sentindo o Highlander, só faltou a música do Queen. Mas aí eu choraria. Não chego a rainha, mas sou uma lady e não choro nunca. Respirei fundo, bem fundo... Continuei o dia difícil de banho gelado, bebida azeda, homem velho pelado, reunião cretina, internet bugada, merda no sapato, tombo de muro, marmita zuada, o que seria um término por email?

Aí já era de tardezinha, o jornal todo atrasado, vamos pedir uma pizza e encher a barriga de Coca Cola! Qualquer prejuízo é lucro. Vem um esculacho do patrão, porque se não tem internet e o jornal está parado, a culpa é minha! Dei risada... Eu sabia que não devia ter saído de casa. Mas é como eu disse: um dia ruim não dá aviso. Ele só é ruim.

Se fosse em outra ocasião eu teria medo de ir pra casa, mas não, fechei minha página, peguei minha bolsa, fui pro meu reino, tomei banho, escovei os dentes, e pensei que um dia ruim dava uma boa história, porque é inacreditável, totalmente coisa de filme. Então pensei que se eu posso viver uma comédia, porque não um romance? A lógica é perigosa porque há outros segmentos no cinema, mas acho que vou arriscar.


No final, o dia valeu a pena, eu ri de todas as catástrofes... Fiz pessoas rirem também, e vi que com um pouco de fé é só um dia ruim que vai acabar assim que eu dormir. Confesso tive vontade de procurar a receita do Coquetel Molotov, mas vou ter coragem de acordar amanhã de novo e ver o que vai rolar... E eu não vou explodir!

domingo, 15 de maio de 2011

Caí

O mundo da gente cai por tão pouco
tantas coisas estabelecidas não consolidadas
A mente "mente" tanto,
se isso é um clichê ou jargão, não importa
O fato é que nenhum engano é suficientemente marcante para deixar de cometer um erro parecido...
Mas tudo bem, em algumas esferas, a tentativa leva o erro, e errar por excesso de tentativas de acerto não chega a ser um pecado

O mundo da gente cai por tão pouco
Acho que até dava pra não ficar triste
Mas alguns sentimentos são uma questão de necessidade ou escolha... Mas francamente esse caso não foi necessariamente um ou outro, só foi...
Foi uma revelação
Agora... Um bocado de falha passa a ser a companhia indesejada nessa relação
Prognóstico, diagnóstico: sem remédio, sem cura

É por tão pouco que o mundo cai
A busca do incomum é sempre mais interessante gostosa e odiosamente doída
Um desperdício de sentimento, doação e procura
Um fiasco de acontecimento seria mais sensato,
porque agora fica aquela amarra
Não dá pra reduzir erro, nem minimizar descontroles
Mas dá pra esperar fechar os olhos
e saber que se não passar vai dar certo
E se não der certo vai passar

Como o mundo da gente cai, rodopia e deixa tonto


Pela semente




É como o renascimento daquilo dormido
O acordar de um sonho insano,








a revelação do que parecia impossível



O reencontro de si ou um novo si florescendo



Me sinto semente;
me sinto feto;
me sinto viva e mais ainda vida



É possível que me sinta morta em algum momento,
mas não acredito que possa ser morte

Serei levada pelo vento feito folha....

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Tal qual a felicidade

Sinto que sou estranhada, gosto muito da tristeza, dessas de fundo de poço tanto quanto da felicidade... Pode parecer muito absurdo, mas é incrível o quanto se pode se sentir feliz no meio de uma choradeira "sem fim"... O “sem fim” é um drama engraçadíssimo, porque nunca se pode duvidar que aquela tristeza é infinita, porque naquele minuto de hora é... E por sorte, razão ou acaso. Somente naquele momento, episódio ou temporada, esse sentimento de semi-morte, chega a extremidade da alma intangível.

Ufah! Embora eu quisesse sem querer, nunca morri, não nessa vida. Na verdade já nasci muitas vezes, mas só daquele jeito clichê de ressurgir das piores situações de estresse, e por isso tive excelentes oportunidades de ser feliz incessantemente!


A felicidade e a tristeza são uma loucura fundida... Tenho quase certeza disso. Penso também que a felicidade está para a tristeza, tanto quanto o amor para o ódio... Não é para ser profundo, nem sistemático... É só que os extremos estão conectados quase que por um sentimento de possessão.

As vezes penso que a felicidade, é um sentimento ofensivo, provocativo, burro e alienante. Nunca gostei de pessoas felizes. Não sei se porque me sinto agredida ou porque não acredito na plenitude desse sentimento. Se é que podemos “condenar” a felicidade sob a acusação de sentimento. Se fosse pleno deveria ser simplesmente um estado de espírito, mas para mim não daria certo.

Eu preciso muito estar insatisfeita. A inquietação é que me torna feliz a maioria das vezes. Porque os únicos momentos em que me sinto feliz é quando sano algumas das minhas labutas internas. Fatalmente, imediatamente encontro outra para ser infeliz de novo. Me defendo dizendo que sou filha de Heráclito e aprendiz de Sócrates. Mas obviamente não sou nem de longe algo assim.

Pensa! Que saco seria se tudo fosse ótimo. Eu acho que se eu fosse feliz, quando acordasse e abrisse a janela teria muita preguiça... Porque sinceramente eu só vivo porque tenho um grande objetivo na minha vida: ser feliz, e se eu conseguir isso... Acabou! E aí eu vou fazer o que? Por isso, é que eu vou atropelando esse capítulo.


Primeiro eu faço isso, depois aquilo, aí eu realizo aquele sonho, depois esse, um de cada vez. Então vou sentindo os momentos devagarzinho ou rinho [cada um escolhe o mais certa forma de dizer]. Mesclando com uma decepção aqui, uma tristeza ali, uma frustração. Porque num dá para ser feliz sem ser triste, é como se lembrar sem esquecer... Não dá...

Pretendo ser triste para o resto da vida, só pra poder contemplar a emoção de chorar quando pressentir a felicidade se aproximando outra vez...

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Acho que é porque vou entrar de férias

Definitivamente é incrível estar simplesmente bem, só por estar, nem um movimento novo aparente, é só uma satisfação gratuita, é só um parecer livre... Acho que é porque as férias do trabalho estão chegando... Vou ficar 30 dias sem ter a menor idéia do que fazer. Não fiz planos, porque não quero planejar isso, seria incoerente acho, programar.Sem essa vai... Se fosse planejar viajar para Minas, talvez programasse na boa. Fazer o que em Minas? Também não vou agendar tudo né?! Mas farei questão de conhecer Carlos pessoalmente, lendo os ladrilhos de Itabira.

Tem gente que acha que sentou ao lado dele perto da praia. Até faria isso naquele Rio... Mas não agora... Nem em dia algum faria questão... A não ser que fosse pra tomar um café com o Dri. Eu odeio café. Mas o Adriano teria uma idéia. Talvez não tivesse. É uma pessoa de boas conversas, textos e pitos, mas não é bom de idéias. Gostaria de conhecer a barbearia onde corta o cabelo, deve ser um local antigo, interessante e engraçado. Quase sinto o cheiro, do acento velho.

Definitivamente estou respirando profundo, com um sorriso entalado, me sinto ansiosa para dias de êxtase é como se eles estivessem quase chegando para uma visita. Estranhamente pareço querer recebê-los sem medo ou pudor dessa vez. Não que não tenha querido, mas evitei ao máximo, por ter medo de em seguida ser infeliz. Me sinto mais inteligente agora.Estranhamente saí do banho ansiosa por viver hoje, não dava pra fazer muito, já que só pude entrar na ducha as 21h e sendo uma segunda-feira, o outro dia ainda reserva algumas horas de intenso trabalho honrosamente dedicadas, então decidi não me vestir, só deitei na cama e curti o sentimento. Pensei de novo em não esperar algo...

Não aconteceu nada... Veio aquela ansiedade gostosa, um frio na barriga, e uma lagrima. Fiquei só emocionada. Seriam meus hormônios? Não estou grávida. Estaria apaixonada? Por sorte ou azar, seria a segunda vez este mês, que mal começou e já levei um fora e depois descobri que não era amada e sim a amante...

Não ele não era casado, mas de qualquer modo eu não era a “aquela” e sim a outra... Que engraçado! Depois do susto um alívio...

Estou com a pele boa, vou entrar de férias, fazer coisas que não tenho idéia. Vou viajar, ou não... Ficar em casa ou não, só vou coçar e pronto ou não. Isto até parece um plano, mas me perdôo porque foi sem querer e o que vale é a intenção. As coisas tem valido a pena. Meu desperdício é no máximo uma pontinha de medo...

Não é bem medo, mas estranheza. Estou com uma vontade mais que louca de me dar um abraço apertado. Não é Narciso, juro... Mas me sinto a coisa mais linda desse mudo... Não a pessoa, pessoas aos montes são bonitas e tenho percebido isso e me sentido cada vez mais rica por meus amigos fazerem parte dessa turma de gente sincera.


É incrível... Acho que isso tudo é porque vou entrar de férias... Vou sentir falta do trabalho. Ele me completa... Mas meu trabalho precisa das minhas férias...Acho que é porque vou entrar de férias...

domingo, 2 de janeiro de 2011

Briguei com um amigo, como se a culpa fosse dele. Não, não briguei, aliás, somente externei meu ódio insensato, inexato e paradoxal. Não sou isenta de troca de grosseria e acabei que sem a cerveja. Pois é, eu terminei abandonada. Previsão para esta noite: algumas horas infames até que eu durma e me afogue em minha baba. A gente nem estava perto mesmo...

O fato foi a pergunta cretiníssima: (eu nem sei se existe superlativo para isso). Cadê suas amigas? Certamente com os namorados, já que elas não tem problemas de socialização com o sexo oposto. (essa não foi a pergunta cretina... É não foi). Mas a que sucedeu foi definitivamente devastadora em minha condição: você não tem nenhum “esqueminha”? O que, que é isso? Então só porque todas, odiosamente todas as minhas amigas estão felizes com alguém e eu não, além de não ter ninguém para sair eu automaticamente devo me jogar numa arena cheia de leões famintos? (odeio as felicidades absurdas ao qual não compartilho). Amigas quando eu digo que eu sou feliz por vocês é mentira...

Ahhh! Francamente... Onde fica a Grécia mesmo? Um barzinho serve eu acho, uma boate? “Esqueminha”? Preciso procurar a definição disso no Wikipédia, espero que alguém tenha colocado a informação errada, para que eu possa me iludir um pouco, e acreditar que eu não tenha entendido o que ele disse. Quero acreditar que exista gente inteligente na madrugada, mas fatalmente encontro semi-embriagados, ludibriados com seus lindos carros e meninas bonitas. Algumas burras, outras mais ou menos burras, outras me surpreendem quando conseguem fazer uma analogia ou comentário. Por exemplo: Nossa! Lançaram o livro do Harry Potter, sabia que tem o filme? Incrível. E é por isso que eu decidi não sair com ninguém. Por alguma razão desconhecida não aparece alguém que efetivamente valha a pena. É sempre o mesmo papo péssimo, a mesma falta de percepção da sua alma na existência terrena, alienação. Honestamente a minha paciência se esvaiu. Começa que sou moralmente inadequada para qualquer sujeito, só porque acho as coisas naturais, e olha que nem pratico nada consideravelmente obsceno. Hiprocrisia, "eu quero uma pra viver!"

O fato é que as mães me odeiam antes de me conhecer. Sério! Eles sempre tem medo de me apresentarem para as mães. Só porque eu não concordo com alguns parâmetros sociais previamente estabelecidos de como a mulher deve se portar. Acho que assim como na mesa deve ser na cama. Imprevisível, sofisticada, deliciosa, decidida e nada silenciosa (depende).


Sou de família italiana, a gente xinga, brinca, se diverte e fala alto enquanto come. Acho péssimos aqueles casais em que as mulheres são caladas, e quando falam é sobre os filhos, a casa, o cabeleireiro ou a última roupa que comprou. Enquanto isso, os machos arrotam, bebem, falam palavrão... E olha que previsível, batem em suas bundas quando passam.

Queria mesmo ter talento pra buscar a cerveja na geladeira. Deus eu não tenho, porque até que eu chegue na sala eu já bebi a cerveja. Entende?! Mas é praticamente isso, os carinhas querem as meninas virgens, ou com caras de virgens, ou as que fingem que são virgens, para exibir. Aliás já percebi que homem não precisa ter integridade, se tem uma gostosa ao lado. Não aceito ser adereço de sujeito mentalmente encardido. E fisicamente não me enquadro no conceito de beleza atual. Não sou mulher fruta. Nem sou boa de fazer suco. TANG no máximo e com vodka.

Pareço uma frustrada falando, talvez porque eu tema ter um fim trágico. Acho que estou fadada à Amélia, obviamente não sei se por gosto ou falta de opção. É que já fui largada pelo que julgava ideal, e incrível, e perfeito...Vejo a perfeita merda que me enfiei. Me vi lavando e cozinhando para alguém, e as vezes eu esquecia que eu gostava de esmalte vermelho e não fazia as unhas. Perdi a memória de quem eu era.

Tive sorte quando ele foi embora, restou um pouco de mim. Sobrou muito pouco do que se supõe ser alguém, mas sobrou. Um corpo mais magro, querendo dar um jeito nisso e um sorriso que insistia em não sair da boca porque chorar era inevitável. Agora eu não quero provar um pouco mais do mesmo.


Não é apenas medo... É auto-preservação. Sempre achei que isso fosse desculpa para gente fraca. Mas sinto que enrolo, porque planejo e sou um profeta as avessas de mim mesma. “Só vejo dois caminhos: ou viro doida ou santa(...). De que modo vou abrir a janela, se não for doida? Como a fecharei, se não for santa?" (Adélia Prado).

E porque briguei com meu amigo? Eu nem me lembro... Mas ele me disse que isso tudo é bobagem, que eu não tenho a menor convicção no que digo, já que eu sou exigente demais e seletiva de menos, e nunca sofro já que nem da tempo. “O cara num corre de você, você o bota pra correr”. É vai ler um clássico, para se entender, ou complicar e não se arrepender. Mas você está me devendo uma cerveja... (briguei com outro amigo em seguida e nem sei de que briga estou falando mais).

Um texto ruim

Existem uns textos péssimos por aí do que se aprendeu com a vida...
Apesar de ruins sempre dizem algo da gente, daí pensei nas minhas noites bandidas, em que o sono roubado pela embriaguez, me levou à esferas de auto-compreenção.
Por céus, vi que foram muitas coisas, mas nunca o suficiente. O que eu quero dizer é que tenho muito à aprender e que ainda tenho que beber um pouco mais.
Todo mundo é mais legal com vodka... Sei lá

Vejo muito lucro nisso...
Saquei que ainda não tinha nenhum CD da Cyndi Louper no computador. Achei pecado, já que havia aprendido com minha mãe que a garota antiga tem um pouco mais a dizer além do pop. Então percebi que ter conhecimento não significa muito, quando os detalhes notáveis de qualquer situação não são vivenciados.

Essa fruição leva-me a crer que, às vezes ter um bom português não faz muita diferença (na verdade tive a ajuda de Humberto) pra ver isso.
Aprendi que nas coisas fúteis contém as maiores filosofias, sei lá: quando se pinta as unhas, a primeira camada tem que ser bem feita, se não enche de bolhas e o resto todo fica ruim. É aquele lance de anúncio: precisa-se de bases sólidas.

Acho que aquela linha grega da mitologia é a mais certa, a vida intensa, a vida insana. Todos podem ter: “la vida loca”, mas as consequências vem à rodo. Todo mundo é afetado por pragas, quando alguém faz algo errado. Sei lá a Grécia era muito pequena pra um mundo tão complexo. Ou muito grande para um mundo tão medíocre.
Penso que o mundo de todo mundo é dicotômico? Grande, pequeno ou sincrônico, diacrônico. Em quantas dimensões a gente num se acha até se perder de novo? Perfeito pra você Heráclito. Pra consertar: eis que surge o desconserto. Me remete a filosofia do filho preguiçoso: pra que arrumar a cama de noite se vai dormir de novo?

Não sei, eu não arrumo!
É talvez seja a hora de arrumar a casa... E mais um texto ruim foi deixado para a posteridade...